Daniel J. Lewis, The Audacity to Podcast

Daniel é um designer apaixonado pela mí­dia podcast, produzindo desde 2007 quando criou seu primeiro podcast, The Ramen Noodle (podcast de humor), atualmente com 192 episódios publicados. Atualmente Daniel também participa de um podcast bastante ouvido no Brasil, o Once Upon a Time.

Em suas primeiras edições, o Audacity foi a primeira escolha, desde então Daniel o usa para produção de ví­deo e áudio. Em 2010 ele também criou o The Audacity to Podcast, um podcast feito para ensinar a fazer podcast, num formato muito parecido com o brasileiro Metacast, que também trabalha com o Audacity.

Daniel (@theRamenNoodle) promove palestras, discussões e ajuda outras pessoas a tirarem seus podcasts do papel e expressarem suas paixões assim como ele o faz. Ou seja, Daniel J. Lewis é uma das grandes referências em produção de podcasts no mundo e assim como fiz com o Todd Cochrane, enviei as perguntas para extrair seu ponto de vista sobre questões debatidas sobre podcasts no Brasil.


Daniel: O Ouvinte

Daniel, o que você mais gosta em fazer podcast?

Daniel: Eu adoro me comunicar com minha própria voz. Isso permite expressar minhas paixões mais claramente do que escrever, e demonstrar a minha experiência com mais autoridade do que os blogs.

Há quanto tempo você produz podcasts?

Daniel: Eu lancei meu primeiro podcast, o Ramen Noodle, em 2007. É um podcast de comédia em que relacionado a vida de uma forma humorí­stica. Continuamos a hospedar o podcast hoje em dia.

Como ouvinte, Daniel, quais aspectos você considera mais importante em um podcast? E o que o desagrada o suficiente para cancelar a assinatura de um feed?

Daniel J. Lewis. Apenas o rosto olhando de frente, como uma foto 3x4

Daniel J. Lewis

Daniel: Estou í procura, em primeiro lugar, pela qualidade do conteúdo. Se isso não é interessante para mim, em primeiro lugar, eu provavelmente não vou nem tentar. Em seguida, a qualidade de apresentação é essencial. Se o host não pode comunicar-se bem ou leva muito tempo antes de chegar ao ponto, então eu provavelmente vou ouvir outro podcast sobre este assunto.

Por último, considero a qualidade da produção. Se o microfone estiver horrí­vel ou o volume se torna algo confuso (inconsistente, muito baixa ou muito alta), então ele pode ser impossí­vel para eu continuar a desfrutar.

// Comentário: Hoje em dia na internet não dá mais para começar um projeto de qualquer jeito e se der certo você investe. Mas se você não investir não vai dar certo. Começar um vlog com câmera ruim ou podcast com equipamento e edição de baixa qualidade é meio-passo para pôr um fim no projeto. Poucos passam por isso ilesos.

Nos Estados Unidos, a quantidade de podcasts é muito maior que no Brasil, você acha que há alguma saturação de temas abordados pelos podcasters?

Daniel: Os podcasts passam por fases. Tecnologia foi realmente a primeira fase e é altamente saturado. Em seguida seriam os podcasts de comédia, principalmente explí­citos. Hoje, boa parte são baseados em entrevistas, geralmente focados em empreendedorismo.

Houve sempre um monte de podcasts sobre séries de TV, afinal de contas, há um monte de programas de TV. Alguns shows são abordados mais do que outros.

Mas mesmo que alguns assuntos sejam bastantes saturados, isso não deve privá-lo de entrar nessa indústria. A chave é abordá-lo de uma forma única. Por exemplo, em vez de apenas falar sobre notí­cias de tecnologia, escolher um determinado mercado e aplicar a notí­cia a eles, como a mães donas-de-casa, orçamentos de videogames, produtores de ví­deo amadores etc.

// Comentário: Contrapondo a opiniío do Todd, o Daniel acha que há sim temas saturados. No Brasil eu não acho que haja saturação, vejo sim muita abordagem similar. Como o Daniel disse, se for feito de maneira única, não tem como saturar.

Eu sei que a lí­ngua é uma grande barreira entre nossos paí­ses, mas você conhece algum podcast Brasileiro?

Daniel: Me sinto honrado por conhecer o Leo Lopes, apresentador do Radiofobia. Eu também sei que o nosso podcast de Once Upon a Time tem vários fiéis ouvintes brasileiros.

// Comentário: Fico feliz em saber que cada vez mais há uma integração do podosfera brasileira com a americana. Temos muito o que aprender e é bom ver que assim como nós nos importamos, eles também se importam conosco.

Você tem uma estimativa de quantos podcasts existem nos Estados Unidos?

Daniel: A Apple já tinha lançado que havia mais de 250.000 podcasts na iTunes. Nem todos eles estão ativos, mas eu acho que pode haver quase 300 mil agora. De novo, nem todos ativos.

// Comentário: Assim como disse no post do Todd, apenas fico sem palavras diante desta realidade da mí­dia lá fora.

Daniel: O Produtor

Daniel, se um cidadío americano decide hoje criar um podcast, existe conteúdo suficiente que permita que ele aprenda a produzir e publicar facilmente?

Daniel: Há muitos lugares para aprender como fazer podcasts. Eu ensino isso no meu próprio podcast sobre podcasting. Eu não tenho o meu próprio curso, ainda, mas eu realmente recomendo o Podcasting A í Z. Use o código promocional “noodle” para salvar seu registro.

Existe alguma forma de rapidamente atingir uma grande audiência?

Daniel: Você deve ter um site para o seu podcast. Isso pode conectar-se a todas as suas outras contas (redes sociais). Mas você deve sempre apontar as pessoas para uma única plataforma. iTunes é, de longe, o maior diretório de podcast. Downloads via site são quase iguais. Em seguida seria Stitcher com uma margem muito menor. Depois disso, existem dezenas de outros aplicativos e diretórios.

O aumento do público é difí­cil. Primeiro, você deve se certificar de que você tem um bom conteúdo, boa apresentação e boa produção. Então a melhor maneira de crescer é através de outras pessoas falando sobre o seu podcast. Você pode fazer isso através de entrevistas com pessoas com maiores audiências para as quais elas irío compartilhar o seu podcast, ser um convidado em podcasts dos outros e permitir que o público possa compartilhar seu conteúdo.

Escolher um tema popular também ajuda para alcançar um público maior. Mas você ainda pode ser uma autoridade em um nicho menor, e ainda fazer um negócio a partir de seu podcast, se você tem a influência direita.

// Comentário: o terceiro parágrafo da resposta do Daniel foi o que mais me chamou a atenção: Ser uma autoridade dentro de um nicho e ainda conseguir um negócio a partir disso. Um podcast de nicho consegue muito mais conversões dentro de um nicho que um podcast de temas variados para o mesmo nicho.

Daniel em um hangout com outros podcasters: Ray Ortega e Dave Jackson

Daniel em um Hangout com outros podcasters: Ray Ortega e Dave Jackson

Um dos maiores debates é quanto a importncia dos comentários. Nos Estado Unidos, os podcasters dío muita importncia para o feedback?

Daniel: Podcasters gostam de saber o que outras pessoas estão ouvindo e se envolvendo. Na verdade, um público envolvido é muito mais valioso do que um público grande.

O feedback é importante para os podcasters porque é bom saber que outros gostam e respeitam o que estamos fazendo. Feedback também é ótimo para usar no podcast, como responder í s perguntas, incluindo outras perspectivas e ideias inspiradoras demais conteúdo.

// Comentário: “Um público envolvido é muito mais valioso do que um público grande”. I rest my case.

Qual é a sua opiniío sobre a ação judicial por Jim Logan contra iTunes e podcasters como Adam Carolla? O que pode acontecer com o podcasting se o Personal Audio vencer a disputa judicial?

Daniel: O sistema legal é muito estranho quando se trata de patentes e eu não estou totalmente qualificado para dar uma opiniío completa. Essencialmente, eu posso ver que a reivindicação da patente da Personal Audio foi revista após a existência do podcasting. Os termos são tío amplos que eu não acho que a patente deveria ter sido concedida, em primeiro lugar, especialmente com a grande existência de arte anterior. Quando tudo acabar, eu acho a Personal Audio vai perder e o mundo vai saber mais sobre podcasts.

// Comentário: A Disputa pela Patente do Podcast.

Como norte-americanos preferem ouvir podcasts, smartphones, computers, iPods?

Daniel: A maioria do consumo de podcasts é feito através de um dispositivo móvel, especialmente um smartphone. Normalmente, isso é através de um aplicativo de podcast, mas também é bastante comum ver alguém acessando o site do podcast no seu dispositivo móvel e ouvindo ou assistindo cada episódio através da página web.

Aqui no Brasil existe um grande debate quanto a essencialidade do Feed para a existência do podcast. Qual a sua opiniío, você acha que deve haver um Feed para ser considerado podcast? Se eu publicar um áudio em um site, sem feed, posso chamá-lo de podcast?

Daniel: Um podcast, por definição técnica, está disponí­vel para download em ví­deo, áudio, PDF ou ePub, mí­dia sindicalizadas via RSS (Rich Site Summary) através da tag <enclosure>. Se você remover qualquer um desses pedaços, em seguida, o programa não é tecnicamente um podcast.

“Podcasting” é realmente um rótulo para um tipo de distribuição. Você pode fazer upload de um ví­deo para o YouTube, mas não é um podcast, porque não é transferí­vel e não sindicalizado através de um feed RSS via tag <enclosure>. Mas você pode tomar o mesmo ví­deo exato, torná-lo para download através de um feed RSS via tag <enclosure>, e então é um podcast.

// Comentário: “‘Podcasting’ é realmente um rótulo para um tipo de distribuição”. I rest my case again.

O Youtube não fornece um Feed RSS, mas algumas pessoas publicam seus arquivos de áudio com imagens estáticas em seus canais. Qual a sua opiniío sobre publicar no Youtube?

Daniel: YouTube é uma ótima maneira de construir um público para o podcast, mas o YouTube é para ví­deo e não áudio. Eu tenho visto que o ví­deo “fake” ou abordagem “de áudio no YouTube” falha terrivelmente. Inicialmente, pode ser impressionante ver um ví­deo do YouTube com 23.000 views, mas só leva um segundo para alguém para contar como um page view. A triste verdade está nas estatí­sticas “retenção de público”, que você pode ver em seu painel YouTube para cada ví­deo.

Na minha pesquisa, eu vi esses ví­deos populares “falsos” perdem mais de 95% de sua audiência nos primeiros 60-90 segundos. Cinco minutos e há geralmente menos do que 2,5% do que público original. Assim, para 20.000 page views, isso significa que 19 mil pessoas estavam interessadas, mas, em seguida, odiavam o que viam e fechavam a aba. Isso é horrí­vel!

Se você estiver indo para o YouTube, faça ví­deos reais! O comprimento ideal é de 3-6 minutos, mas o conteúdo envolvente pode ir mais longe.

// Comentário: Há alguns anos o Youpix premiou como ‘podcast revelação’ um canal do Youtube que apresentava cerca de 28 mil page views por ví­deo “falso”. Você duvida que ele também caia nessa estatí­stica da pesquisa feita pelo Daniel? Eu não duvido.

Acesse o The Audacity to Podcast

Acesse o The Audacity to Podcast

A iTunes é o maior diretório de podcasts do mundo, mas eles não hospedam arquivos mp3. Você acha que seria bom se existisse uma plataforma dedicada para os podcasters como o Youtube?

Daniel: Esses tipos de plataformas foram criadas, mas geralmente fecham rapidamente. Sempre que você produzir conteúdo, é fundamental que você possua e controle sua própria plataforma. O YouTube pode remover o seu canal sem aviso (e eles têm feito isso antes para muitos canais populares).

Usando uma plataforma universal você fica altamente limitado a sua marca, a sua monetização e as suas regras. É ótimo estar em outras plataformas como SoundCloud, Spreaker, AudioBoom e tal, mas estes devem ser nada além de uma plataforma que você mesmo possua e controle.

// Comentário: O Youtube hoje em dia é praticamente um monopólio porque os próprios produtores deixaram isso acontecer. Vendo o ponto de vista do Daniel, me convenço de que não seria legal uma plataforma única para podcasts.

Como os podcasters norte-americanos lidam com o uso de músicas com direito autoral. Existe alguma lei especí­fica ou instituição que lide com isso?

Daniel: A maioria dos podcasters estão quebrando as leis de direitos autorais e muitas vezes não se importam. É decepcionante.

Nos EUA, praticamente qualquer uso de material protegido por direitos autorais, de qualquer valor, sem autorização é infração de direitos autorais e puní­vel por lei. Nós temos uma cláusula de “fair use” que permite certos usos em prol da revisão, comentário, paródia, crí­tica e tal. Isto seria como vloggers usassem trechos de filme em suas análises ou trechos musicais curtos em sua crí­tica da música.

Usar a música de outra pessoa para o seu podcast é ilegal nos EUA. Atualmente, podcasters não estão recebendo a atenção dos detentores de direitos, mas isso pode acontecer a qualquer momento e pode custar muito.

// Comentário: É bem similar ao que temos no brasil relativo ao “uso justo” ou “fio do bigode”, como alguns chamam.

Você já teve problemas ao explicar para alguém o que é um podcast? Como podemos facilmente introduzir o podcast para alguém que não o conhece?

Daniel: Podcasts são muito semelhantes a outras coisas que as pessoas conhecem, por isso o ideal é mostrar a relação mas explicar as diferenças. Por exemplo, se alguém diz que não sabe o que é um podcast, eu costumo dizer, “É como um programa de rádio ou TV, mas na internet. Eles são geralmente grátis, publicados com frequência e você pode assistir ou ouví­-los em praticamente qualquer dispositivo em qualquer lugar. E você pode encontrar podcasts sobre praticamente qualquer assunto que podem lhe interessar “.

// Comentário: Parágrafo perfeito. Adotei.

Por último, Daniel, o que você recomenda para aqueles que querem começar um podcast?

Daniel: Em primeiro lugar, PLANEJE! Não basta começar a publicar sem saber por que você está fazendo, quem você quer ouvindo, o que você estará falando, onde você estará indo com o seu podcast e quando você vai fazê-lo para que possa ser consistente.

Eu recomendo que você conheça seus temas, pelo menos nos primeiros 10 episódios.

Em segundo lugar, NÃO ESPERE SER PERFEITO! Muitos podcasters tentam editar próximo a perfeição ou esperar até que eles possam comprar o seu equipamento dos sonhos. í€s vezes, você só precisa produzir com o que você tem e atualizar depois que você sabe que vai levá-la a sério.


Leia a entrevista na í­ntegra: mundopod.us/1unT2pS

About the Author
Criador curioso de sites, editor mais curioso ainda de podcasts. Viciado em séries e podcasts. Leitor nato e aspirante a cientista da computação.