Imagine aquele garotinho pirralho no metrô subindo nos bancos, arrancando cotoquinhos do nariz e colando nos bancos, falando palavrões, mostrando careta para os passageiros, gritando e correndo pelo corredor. Você vira para mãe do garoto e diz: “Seu filho é mal-educado, hein?!”. A primeira reação da mãe é xingar você, falar que o filho é dela e ela o educa muito bem, ela faz mimimi, pronta e apronta igual a Rochelle de “Todo mundo odeia o Cris”. Mesmo sabendo o problema, ela não o aceita e chega até a ser agressiva.
Bem, o podcaster trata o seu podcast exatamente como a um filho e, muitas vezes, vendo os erros, ele não consegue absorver as críticas e os problemas detectados. Podcast não tem receita e mesmo que eu soubesse a receita, eu não a colocaria num artigo, faria meu próprio podcast e ficaria rico.
Muitos produtores de conteúdo têm de perceber que quando ele abre um canal de comunicação, ele está aberto a todos os tipos de opiniões, boas ou más. Se o canal está aberto, ele tem de ser receptivo ao que chega, fazendo valer aquele velho ditado chinês: “Se você não gosta do que esta recebendo, preste atenção no que está emitindo”. É triste ver um podcaster discutir com um ouvinte por causa de um e-mail ou comentário que agride seu gosto pessoal, comentário este, que o próprio podcaster abriu espaço para ser recebido. Muitas pessoas se sentem acuadas em dar pitacos, dicas e até mesmo de criticar algo desagradável, pois muitas vezes ele é desmerecido, denegrido í imagem de mimizento e, muitas vezes, até agredido moralmente. Exemplos não faltam. A maior parte da reclamação de ouvintes no primeiro texto escrito, “Como ser um bom ouvinte de podcast“, foi exatamente o seguinte:
Não critico ou comento tanto, pois já vi gente sendo taxado de chato, é muito triste ficar recebendo indiretas o tempo todo
Canal de comunicação aberto, já há as boas vindas do ouvinte, mas e quando o ouvinte não vem, não há comentários nem e-mails? Há algo de errado, hora de traçar novos planos, seja de divulgação ou de incentivo para que o ouvinte participe. A falta de feedback não deve ser motivo de desistência, mas sim de traçar novas perspectivas e metas.
Os ouvintes
Muitos ouvintes comentam e participam, mas se sentem só, pois o feedback que os podcasters tanto desejam, muitas vezes nem eles dío nos comentários. Do mesmo modo que fica o pedido para que os ouvintes comentem, fica o pedido para que os podcasters participem, agradeçam, façam valer este comentário, deem um reply nos comentários, retornem os e-mails com uma mensagem de agradecimento, pois mesmo que este ouvinte não tenha o comentário ou e-mail lido, fica uma sensação de gratidío e de receptividade. Muitos ouvintes comentam uma vez e não comentam mais, pois se sentem esquecidos. Um dos maiores motivos de reclamação de quem comenta é de que fica a sensação de inutilidade, que para o ouvinte, que está recebendo aquilo “de graça”, fica muito fácil de ele parar de ouvir, não apenas de comentar. Não quer ler todos os comentários e e-mails, pelo menos agradeça ao ouvinte que se prestou a comentar. E, por favor, não criem preferências de ouvintes para ser lido. Muitas vezes o e-mail do amiguinho do podcast não tem relevncia alguma, enquanto o Toninho lá nos comentários fez um comentário super agregador de conteúdo, mas não é nem comentado.
Em relação a propagandas:
O ouvinte de podcast é seletivo, ele escolheu ouvir o podcast, muito diferente da televisão, que te entope de propagandas inúteis e chatas, o ouvinte aceita a propaganda no podcast porque ele gosta do podcast. O ruim neste meio é que muitos estão cometendo o erro de propagar o comercial de forma robótica, com textos já decorados e enfadonhos, repetitivos ao extremo, programas de claro cunho comercial fora da temática do podcast e, o que é pior, faz propaganda de algo que ele já admitiu, em público, ser ruim. O ouvinte de podcast é seletivo e nesta seleção ele pode “pegar raiva” do produto. Quer fazer propaganda, deixe-a mais descontraída, mais digerível, isto aumenta a recepção e dá credibilidade í propaganda.
O Podcast é uma mídia nova e temos de aplaudir ao investidor/patrocinador que acredita nesta via.
Darei dois exemplos reais:
- Papo de Gordo #102 (Compras na Internet) – podcast muito informativo, divertido e com a eterna cara do PDG. Falaram de compras na internet de um modo agradabilíssimo para fazer a propaganda de um sistema de busca para compras na internet.
- Café Brasil – O apoio do Itaú Cultural está tío gravado na minha cabeça, que eu passei a associar o produto a atividades e manifestações culturais e artísticas. Tanto que já até mandei um e-mail para agradecer ao Itaú Cultural o serviço prestado.
A grande resposta é: “Sim, dá para se fazer um PodJabá com altíssima qualidade, basta querer.”
Ser um podcast de sucesso leva tempo e os louros não caem do céu. Desenvolver novas formas de propagar o apoio a esta mídia tem se demonstrado uma tarefa árdua e desafiadora. Sou ouvinte inveterado, passo mais de 8 horas do meu dia ouvindo podcast, tenho paixío por esta mídia. Não critico o podcast patrocinado, posso estar sendo chato ignorante e sonhador, mas como um amante desta arte, eu apenas acho que a mídia podcast merecia mais do que isto.
Para ir direto ao assunto, acho que tudo se resume na instantaneidade das coisas. Muitos podcasts novos aparecem e na falta de feedback acabam, muitos chegam a esta mídia cheios de entusiasmo, vigor e arrebatamento, mas no decorrer, falta de comentários, falta de tempo, gastos para manter site no ar etc., Muitos perecem ou caem em hiatos longos, muitas vezes permanentes. Detectamos o erro. Fazer podcast é, antes de tudo, uma atividade de prazer para quem produz. Se você produz querendo a fama de ser uma Web Celebrity, tomar cafezinho em Paris com o Neil Gaiman, ganhar dinheiro, mulheres, iates, mulheres, champanhe, mulheres, ser um astro da mídia brasileira, se você quer ser tudo isto de forma instantnea, muito bem meu amigo, o podcast não foi feito para você, inscreva-se no próximo Big Brother Brasil.