- Texto: O dia em que os discos voadores chegaram
- Autor: Neil Gaiman
- Interpretação: Fernando Almeida (@nandoalmeida) – Podcaster no Nerddisse e
GeekTalk
- Música: Tema de abertura da série Falling Skies
O dia em que os discos voadores chegaram
“Naquele dia, os discos voadores aterrissaram. Centenas deles, dourados,
Em silêncio, descendo do céu como grandes flocos de neve,
E os terráqueos estavam parados e observavam enquanto eles desciam,
Na espera, de bocas abertas, aguardando para descobrir o que nos esperava lá dentro
E nenhum de nós sabia se haveria amanhã Mas você nem notou isso porque
Aquele dia, o dia em que os discos voadores chegaram, por uma coincidência,
Foi o dia em que os túmulos abriram mão de seus mortos
E os zumbis empurraram e atravessaram a terra macia ou irromperam dela,
Andando com dificuldade, com olhares vazios, impossíveis de serem parados
E vieram até nós, os vivos, e nós gritamos e corremos,
Mas você não notou nada disso porque
O dia dos discos voadores, que foi o dia dos zumbis, também
Foi o dia do Ragnarok, e as telas de televisão nos mostravam
Um navio construído com unhas de homens mortos, uma serpente, um lobo,
Tudo isso maior do que a mente podia conter, e o câmera não conseguia ir longe o suficiente
Então, os Deuses saíram e se mostraram
Mas você não os viu o Deuses chegarem porque
No dia em que o Deuses batalharam com o zumbis e discos voadores, as barragens se romperam
E cada um de nós foi engolfado por gênios, elfos, fadas, goblins e diabretes
Oferecendo-nos desejos e maravilhas e eternidades
E amuletos e esperteza e verdadeiros corações valentes e potes de ouro
Enquanto gigantes bravejavam, vaporizando a terra em seu caminho, e abelhas assassinas,
Mas você nem fazia ideia disso porque
Naquele dia, no dia dos discos voadores, no dia dos zumbis
No dia do Ragnarok, no dia das fadas, no dia em que os grandes ventos vieram
E neve, e cidades transformaram-se em cristal, no dia
Em que todas as plantas morreram, no dia
Em que todos os computadores se rebelaram, com suas telas nos dizendo que deveríamos obedecer,
No dia em que os anjos, bêbados e confusos, tropeçavam pelos bares
E todos os sinos de Londres ressoaram, no dia
Em que os animais falaram conosco em sírio, no dia do Yeti,
Das capas que tremeluziam e da chegada do dia da Máquina do Tempo,
Você não percebeu nada disso porque estava sentada em seu quarto,
sem fazer nada, nem lendo, apenas olhando para o telefone,
imaginando se eu iria lhe telefonar.”