Em homenagem a querida Nilda e inspirada pelo post Podcast sem Feed não é Podcast e pelas discussões geradas por ele, comecei a escrever um comentário e descobri que ficaria mais legal como postagem.
Vamos lá então.. minha opiniío é parecida com a do Leonardo, mas não discordo do Ricardo (autor do post). O processo que vou referenciar é tanto algo natural na evolução da língua quanto na evolução tecnológica.
Eu mesma também tenho um post sobre o tema feed no qual lanço um questionamento sobre seu uso [leia em Parece mas não é ]
Cito aqui o comentário da Nilda:
Como ouvinte digo:
DANE-SE O FEEDE graças a Deus a última Podpesquisa comprovou que a maioria dos ouvintes também está pouco se lixando para este tal feed.
Vejam lá na pergunta 3: Como você fica sabendo das atualizações dos podcasts que ouve?
47,71% acessa direto do site
10,75% através das redes sociais
Ou seja, 58,46% dos brasileiros não precisa do feed para escutar um podcast.
O feed não pode ser abandonado pelos podcasts, pois perder mais de 40% de seus ouvintes é suicídio. Mas mas cada vez que leio um artigo dizendo que sem feed não é podcast fico me perguntando o quanto estão se prendendo a algo que está perdendo seu sentido original há um bom tempo já.
Ah, mas este é o termo técnico correto, é a terminologia, etc. Bem, o sentido que damos para Otaku no Brasil não é o mesmo que é dado no Japío, e nem por isso deixam de ser Otakus (ou Otomes) E no séc. XIX buceta era uma bolsa pequena.
Vou então destrinchar alguns pontos levantados na discussão:
Se não tiver Feed deveriam usar outro nome e não chamar mais de Podcast
Pois então, minha gente. A língua (tô falando de linguagem e não do órgío lambedor, ok!?) é um organismo vivo e em constante mudança pelo seu uso. Quem resignifica o símbolo é o usuário e o meio, quem resignifica a palavra é aquele que fala, aquele que escuta, é a comunicação.
Não se engane. A evolução é natural e muito do que originalmente era usado de uma forma acabou tomando sentido completamente diferente por conta do uso.
Vai chegar um dia em que o nosso papo sobre feed e podcast ficará relegado ao estudo etimológico da palavra podcast.
Em tecnologia acontece o mesmo. Até hoje temos um disquete como ícone universal de salvar e os nossos filhos provavelmente nunca viram um disquetinho de verdade na vida.
Nos primórdios, o podcast era diretamente relacionado ao iPod, lembram!?
A conclusão que chegamos é que não adianta se debater: Sociedade e cultura determinam a evolução da palavra através do seu uso.
Mesmo que teóricos discordem, neste papo de evolução acaba vencendo a maioria. (salvo se houver uma campanha de marketing sobrescrevendo o termo anterior ou criando um “novo produto” no qual possa ser enquadrado o arquivo de áudio com uma distribuição diferente)
Sim, são dois: Podcast e o Podcast
Voltando um pouquinho nas definições teóricas, o podcast é as duas coisas. Ele é o produto e é o meio de transmissão.
A ideia original é que o sistema push facilitasse o consumo do arquivo de mídia. Com a possibilidade de assinar, você é avisado quando tem produto novo. É como na analogia da revista. Você assina a tal da revista e vai receber ela na porta de casa. Você pode até não ler, mas ela vai estar ali disponível para quando você quiser ou para fazer espaço. (Aliás isso dá brecha para aquela discussão de que o podcast mais baixado não necessariamente é o mais ouvido. Vou deixar este gancho para outro post)
Facilidade para consumir a mídia
O uso ideal do feed depende diretamente de um agregador que facilite sua vida. Se você tiver trabalho demais para fazer a coisa, isto acaba se perdendo.
Foi nessa onda que quem usa iTunes e gadgets vinculados a ele tinha grande vantagem, pois você assina os eps, recebe as atualizações e sincroniza seus gadgets com um unico click para sair degustando DESCONECTADO
E nos dias de hoje tudo tem que seguir os mesmos princípios de acessibilidade dos 3 clicks. Qualquer conteúdo que esteja mais longe do que 3 clicks, está fadado ao abandono. Qualquer mídia que dê muito trabalho para ser consumida, tende a falhar ou restringir seu uso a um nicho de pessoas com conhecimentos mínimos de tecnologia.
Uma coisa que nem todo geek e nerd entende é que a melhor tecnologia é aquela que é invisível.
Uma vida sem fio
A essência do podcast é permitir consumir conteúdo desconectado. É tirar o fio. Dar liberdade de para sair do computador e levar consigo, de forma portátil, o entretenimento e a informação que antes estavam encaixotados na sua tela.
Acontece que a realidade hoje é muito mais focada em mobilidade. Temos Smartfones, tablets, e internet em dispositivos nos quais antes nem ousávamos sonhar.
A conexío não depende mais de cabos, ela está no ar.
O mundo está mudando e o podcast também
Eu noto que existem duas principais ramificações de comportamento dos ouvintes acontecendo agora mesmo:
1 – Com a evolução da tecnologia mobile, você não precisa ficar desconectado para ter liberdade de movimento (trnsito). Agora você pode consumir streaming no seu celular com a mesma comodidade do processo anterior. (download)
2 – Apesar das facilidades de ser notificado via feed, grande parte dos usuários visita os blogs e ouve o conteúdo diretamente pelo browser. Os sistemas de visita variam e são motivados via redes sociais dos blogs ou até mesmo de forma ativa pelo usuário que visita o blog buscando as novidades
O inverno está chegando
Acontece que se a facilidade do feed é a notificação, então isso significa que um sistema de distribuição diferente que gere notificação será muito bem recebido pelo usuário também.
Acontece que quanto mais democrática é a produção e distribuição de conteúdo, mais conteúdo teremos e nem todos com a mesma qualidade.
Acontece que se o termo podcast é utilizado ~incorretamente~ por formadores de opiniío, eles facilmente atingirío um grande público que aceitará o erro como acerto e não importa o quanto os teóricos discordem disto.
E sim… uma enxurrada de seres estranhos e de identidade indefinida já estão acontecendo.
E agora? Como fica?
Bom, minha gente. Espero que vocês tenham conseguido vislumbrar o que eu tenho notado. Estamos em um momento de transição.
Imagino que continuaremos tendo a distribuição de arquivos diversos via feed por ela ser eficiente, mas também veremos cada vez mais audiologs e videologs sendo chamados de podcast.
O usuário não se importa. O usuário só se importa que seja bom conteúdo e que seja fácil.
E para nós, produtores de conteúdo, só resta ficar alerta aos ventos da mudança. Só sobrevive quem muda!