Presente no Brasil desde 2004, o podcast ainda não conseguiu sua popularização na cultura digital brasileira. Comparada a outras mídias da internet de cunho audiovisual como o Youtube, percebemos o quanto a podosfera brasileira tem dificuldades de cair no gosto da população. Vários Youtubers nacionais colecionam milhões de inscritos e visualizações, enquanto uma dezena de milhares de downloads já classifica um podcast como -œgrande-. Assim, há um abismo enorme entre essas mídias.
O ser humano é mais visual do que auditivo, isso é fato. Quando a televisão chegou e começou seu processo de popularização nos anos 50 e 60, muitos apostavam no fim do rádio. Mas isso não aconteceu: de fato, as empresas radiofônicas tiveram que modificar e diversificar seu conteúdo. Assim, televisão e rádio conviveram lado a lado no resto do século XX e coexistem até hoje. Na segunda década dos anos 2000, o mesmo fenômeno tem ocorrido com a TV, que sofre enorme concorrência com a internet e com o conteúdo sob demanda. Mas isso é assunto para outro momento.
Apesar do crescimento do número de podcasts, essa mídia não é dada a sua devida importncia. Não podemos desconsiderar seu enorme crescimento nos últimos anos – as podpesquisas realizadas em 2009 e 2014 constatam isso – mas temos que ascender mais. Sío vários fatores que poderiam ajudar a essa mídia deslanchar, como uma maior divulgação das mídias convencionais (rádio, televisão e imprensa escrita) ou até mesmo mais patrocinadores, que ainda não confiam completamente nesse produto midiático. Diante desse cenário, existe apenas um fator que pode, de fato, ajudar a divulgação da mídia podcast: VOCíŠ.
É isso mesmo, o chamado -œboca a boca-.
Porém, a forma mais comum de apresentação para aqueles que não os conhecem é quase unnime: -œé rádio pela internet-. Mas será que fazemos isso certo? Em primeiro lugar, deixemos claro uma coisa: podcast não é rádio pela internet. Longe da discussão sobre feed, o conteúdo desse produto midiático é diferenciado e, em geral, muito distante do que as rádios oferecem. Assim, listei cinco sugestões para divulgar podcasts para aqueles que não os consome:
1. Ouvir podcast é algo tipicamente solitário
Diferente dos programas de rádio, podcasts exigem, no mínimo, um grau médio de atenção. Geralmente são compostos por debates e bate-papos e, para consumir o material, ele deve ser ouvido e compreendido. Quanto ao rádio, encontramos facilmente um aparelho ligado em lojas, bares, lanchonetes, mercados, oficinas, escritórios, etc. apenas para efeito de preenchimento do som ambiente e proporcionar assim um lugar mais agradável.
Quer recomendar um programa para seu amigo ouvir? Sugira que ele ouça enquanto trabalha (quando o trabalho for algo mecnico e não exige atenção ou foco); enquanto faz esteira na academia ou na prática de uma caminhada; ou enquanto está no trnsito. Aliás, os moradores de grandes centros urbanos gastam horas do seu tempo dentro de um trem ou ônibus. E podcast é uma ótima pedida para esse público.
E, por favor, não perca seu tempo apresentando podcasts durante uma grande reuniío de família, um churrasco, uma festa, o momento não é esse e ninguém dará a mínima. O máximo de audição coletiva pode acontecer no trnsito, no carro, enquanto dirige, com o consentimento dos passageiros. Podcast tem uma essência solitária.
2. Não use a palavra feed
Para a popularização de uma mídia, devemos facilitar ao máximo seu consumo. Ao apresentar podcast a um potencial ouvinte, entre no site, faça o download convencionalmente ou ensine-o a ouvir pelo próprio navegador. Falar em feed, num primeiro momento, pode afugentar iniciantes. Quando a mídia ganha um novo ouvinte, seu interesse aumenta e, naturalmente, ele aprenderá a procurar maneiras mais fáceis de acessar o seu conteúdo favorito. Descomplique para facilitar o acesso. Nada de feed.
3. Sugira o episódio certo
Do que adianta sugerir um podcast sobre -œO Poderoso Chefío- para alguém que não gosta de cinema? E por que oferecer um programa sobre o Velho Oeste se seu amigo não gosta de história? O conteúdo podcastal nacional é variado e atende vários os gostos. Recomende o tema de acordo com a preferência de quem você vai indicar. Pra quem gosta de história, podcasts sobre história; para amantes de cultura pop, episódios sobre cultura pop; para quem curte humor, programas de humor. E assim por diante. Não obrigue alguém gostar do que você gosta.
4. Pessoas desinteressadas
Todos nós conhecemos pessoas que não se importam com nada, são avessas a tecnologia e desinteressadas a qualquer novidade. Nem perca seu tempo.
5. Retuite, curta e compartilhe
As redes sociais são fontes de novidades. No Twitter, retuitar o novo episódio do seus podcasts favoritos contribuem na divulgação do programa. Quanto ao Facebook – que, aliás, tem restringido o número de visualização das fanpages – curtir, comentar e compartilhar postagens ajuda na proliferação de conteúdo.
Além disso, o compartilhamento de um episódio na sua timeline, seja antigo ou novo, fatalmente atrairá alguém que nunca ouviu falar na mídia e eventualmente pode interessar-se por ela. Talvez há algum ouvinte potencial que você não saiba.
Enfim, essas pequenas ações podem contribuir na distribuição, divulgação e recrutamento de novos ouvintes. Façamos nossa parte para que, talvez um dia, os podcasts possam se tornar algo tío popular quando vídeos no Youtube ou postagens dos tradicionais blogs.