- Texto: Pobres Imbecis
- Autor: Isaac Asimov
- Interpretação: Victor Snaga (@OrcSnaga) e Igor Guedes (@professorigor)
- Música: Trilha do filme Blade Runner
- Duração: 3min30s
Arte da vitrine: Rodrigo Sena
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Pobres Imbecis
Naron, da longeva raça rigelliana, era o quarto de sua linhagem que garantia os recordes galáticos.
Segurava o grande livro que continha a lista das numerosas corridas através das galáxias, as quais haviam desenvolvido a inteligência e o livro, muito menor, que arrolava as raças que haviam atingido a maturidade e se classificado para a Federação Galáctica. No primeiro livro, muitos dos que estavam na lista foram excluídos; os que, por uma razío ou outra, haviam falhado, Desgraças, deficiências biofísicas ou bioquímicas, desajustamentos sociais que deram cabo deles. No livro menor, contudo, nenhum dos membros incluídos havia sido riscado.
Então Naron, corpulento e incrivelmente velho, ergueu os olhos quando um mensageiro se aproximou:
– Naron – disse o mensageiro – O Grande!
– Bem, bem, de que se trata? Menos cerimônias.
– Outro grupo de organismos chegou í maturidade,
– Excelente, excelente. Agora, estão aparecendo rapidamente. Mal passa um ano, sem que apareça um. E quem são?
O mensageiro deu o número de código da galáxia e as coordenadas do mundo que ela comportava.
– Ah, sim – disse Naron, – Conheço este mundo – e em escrita fluente, anotou-o no primeiro livro e transferiu seu nome para o segundo, usando, como de hábito, o nome pelo qual o planeta era conhecido pela maior parte de sua população. Escreveu: Terra.
Disse:
– Estas novas criaturas estabeleceram um recorde. Nenhum outro grupo tem passado da inteligência para a maturidade tío rapidamente. Espero que não haja erro,
– Não, senhor – disse o mensageiro.
– Conseguiram a energia termonuclear, não é?
– Sim, senhor.
– Bem, este é o critério – Naron deu uma risadinha. – Em breve as espaçonaves deles sairío para sondagens e entrarío em contato com a Federação,
– Em verdade, Grande – disse o mensageiro com relutncia – os Observadores dizem-nos que ainda não penetraram no espaço.
Naron pareceu perplexo:
– Nada? Nem mesmo uma estação espacial?
– Ainda não, senhor.
– Mas se possuem energia termonuclear, onde realizam seus testes e detonações?
– No próprio planeta deles, senhor.
Naron ergueu-se em toda a sua estatura de seis metros e sessenta centímetros e trovejou:
– No seu próprio planeta?
– Exatamente, senhor.
Naron puxou lentamente da pena e traçou uma linha sobre toda a extensão da mais recente adição inserida no livro menor. Era um ato sem precedentes, mas, pudera, Naron era muito prudente e podia perceber o inevitável tío bem como qualquer outro na galáxia.
– “Pobres imbecis!” – murmurou.