- Texto: Meu violío e você
- Autor: Jorge Drextler
- Interpretação: Lucas Conrado (@olucasconrado) – Papo Di Minero
- Música: Temporal – Fernando Deghi
- Duração: 2min29s
Arte da vitrine: Rodrigo Sena
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Meu violío e você
Viva í ciência
Viva í poesia
Viva quando sinto minha língua
Quando sua língua está sobre a minha
A água está no barro
O barro está no tijolo
O tijolo está na parede
E na parede, sua fotografia
É verdade que não há arte sem emoção
E não há precisão sem arte
Como, tampouco não há violões sem tecnologia
Tecnologia do nylon para as cordas
Tecnologia do metal para o cabeçote
A prensa, a goiva, o verniz
As ferramentas de um carpinteiro.
O compositor e seu computador
O pastor e sua navalha
O despertador que já está anunciando a aurora
E o telescópio que se demora na última estrela
A máquina faz o homem
E ela é o que o homem faz com ela
O arado, a roda, o moinho
A mesa em que ponho o copo de vinho
As curvas da montanha-russa
A semicolcheia e até mesmo a semifusa
O chá, as calculadoras e os espelhos
A casinha do cachorro, a manteiga
A erva, o mate e a bomba.
Está comigo
Estamos cantando na sobra de nossa videira
Uma canção que diz que só se conserva aquilo que não se amarra
E sem te ter, eu tenho você e o meu violío
Há tantas coisas
E eu só preciso de duas, meu violío e você
Meu violío e você
Há cinemas
Há trens
Há panelas
Há fórmulas até para descrever a espiral de um caracol
Há mais: há tráfego
Créditos
Cláusulas
Salas Vip
Há cápsulas hipnóticas e tomografias computadorizadas
Existem condições para a construção de uma sociedade anônima
Há garrafas e obuses
Há tabus
Há beijos
Há fome e há o sobrepeso
Há soníferos e chás de ervas
Há drogas sintéticas e cachorros viciados em drogas nas alfndegas
Há mãos capazes de fabricar ferramentas
Com as quais se fazem máquinas para fazer computadores
Que, por sua vez, projetam máquinas que fazem ferramentas
Para que se usem nas mãos
Há infinitas palavras escritas
Zen, gol, bang, rap, Deus, fim.
Há tantas coisas
Eu só preciso de duas
Meu violío e você
Meu violío e você