• Texto: Verve
  • Autor: Erika Figueira
  • Interpretação: Erika Figueira (@erikapes)
  • Trilha Sonora: Martyrdom – do filme O Exorcismo de Emily Rose
  • Duração: 1min50s

Arte da vitrine: Rodrigo Sena

Erika Figueira - Verve

Verve

Morri… com espadas enterradas em meu peito eu entendi o “desvalor” da vida e dos homens. Não há fuga nesse inferno maquiado de paraí­so.

Se não parto literalmente, é apenas por que minhas crenças se esvaí­ram ao ponto de que pra mim, depois da linha que nos separa da vida não há nada, e eu quero o tudo.

Se eu pensasse nos que por aqui passaram eu simplesmente cuspiria no chão e depois misturaria ele ao meu próprio sangue… mas, sou mulher e não quero lavar as minhas mãos passeando por esse mundo torto…Penso naqueles que por aqui vío passar e são inocentes, não são culpados por nossas omissões e covardias.

Que venham os inimigos pra oferecermos banquetes, lutas pra cantarmos e tréguas, a censura não está mais em um ditador, está dentro de mim e eu quero estraçalhar essa força que tapa visões, que cria limites pro ser humano. Quero atravessar paredes e resgatar almas de crianças de talentos engavetados, sacudir ossos dos cansado da vida, cantar o Cntico Negro…

Estou armada em um cavalo desbravando não sei o que e não se sabe onde, mas numa guerra que não mata e ainda gera vida de prantos em letras, cavalos esculturais, danças dos anjos com os demônios.

Parei na encruzilhada de duas grandes avenidas, estendo minhas mãos pros céus e grito pelos seres dos meus sonhos.

Descem cavalos alados, com guerreiros montados e mulheres sem um de seus seios. Deuses mortos pairam pelo ar… Eros lança flechas nos carros os confundindo com as máquinas homens… Descem duas rochas com Prometeu acorrentado, descem os abutres mas fogem de medo dos de duas pernas…

Distribuo caixas de Pandoras pra todos os lados, bombardeio maçís pra que todos comam pecado. Cala a boca Afrodite! É Atenas que quero sempre ao meu lado, no máximo Perséfone o Nefertiti.

Espremo quadros de Dali sobre as lástimas de Van Gogh, me ajoelho pra ficar í altura de Tolouse, danço com Pina e Duncan (peço pra ela não usar echarpe).

Grito por Rimbaud vir mal aconselhar alguns meninos, explico pra Kapra que aqui felicidade custa bem caro…

Sussurro pra Freud: Complexo de castração é o caralho… Sussurro pra Jung: Deixa eu ser sua Sabina…

Faço nessa paisagem uma baile de máscara tendo convidados deuses, anjos, demônios, profetas, santas, putas, astros, padres, freiras mitos…pintores e escultores. Ninguém sabe nada sobre ninguém… os santos comem as putas, as freiras rasgam sua roupa pra serem musas de pintores…

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