- Texto: Abraço de perdão
- Autor: Erika Figueira
- Interpretação: Erika Figueira (@erikapes) – Sexo e Tintas
- Música: Título e autor desconhecidos
Abraço de perdão
Afrouxa… afrouxa a corda e solta essa chibata por favor… as palavras que formam o relevo desse couro surrado, já estão na minha alma… não existe mais tronco, pelourinho, qualquer espaço físico, religião ou lição moral… que me force tanto a ficar curvada… por tanto… pausa Vida Capitão do Mato…
Você não está vendo que quanto mais meu corpo cai, minha alma levanta? Portanto, se sua intenção é me deixar no chão… aqui estou eu agora lambendo os vermes das dores alheias, sim… eles vão encrustar suas ventosas de lamentos, nas minhas entranhas… e certamente vão crescer dentro de mim…
… Mas os monstros que eu engulo, agem apenas com a minha soberania… de mais ninguém… e eu vou fazer com eles, o que sempre fiz a todos: vou alimentar ele em meu ventre como a todos que eu alimentei, se essa praga for mais um que se virar contra mim ao não entender o que é o amor, eu vou beijar como beijei meus filhos, vou antecipar pra essa cria monstruosa das minhas dores, o sorriso que eu guardo pra eles… talvez eu trepe com esse monstro escrevendo, com a intensidade que guardei pros homens que esperei amar… não adianta madrasta Vida, eu só mudo se for pra crescer…
Espreme… vai sua Vida, mulher infeliz, continua espremendo que eu vou deixar esporrar na sua face ejaculações de versos sempre brancos… eu já acreditei um dia que a pior dor era a do parto… não é…
Bandida… cachorra… miserável… sádica… Vida Puta! As gotas de sangue que a sua pressão expulsa de mim, são seiva guardada, eu cultivo com ela cravos e versos, a parte dessa cria feita de mágoas e dores que você tenta insistentemente me fazer esguichar, não vão estar por perto nem quando você se for, prometo pra minha amiga Morte: Só haverá carinhos pra te acalentar, no meu funeral…